Esse é um tema que costuma causar muita confusão entre os estudantes de espanhol. Lembrei disso ao ler no fórum a dúvida de um colega ao escutar a expressão ‘El dinosaurio se comió al Sid’ no filme ‘A era do gelo 2’. A dúvida dele era a função do ‘se’ na frase.
O que ocorre é que nessa frase o ‘se’ faz o papel de um objeto indireto (regido por preposição). Mas, deixemos de lado toda essa parte técnica que não agrada a muita gente e vamos ao lado prático: Como e quando usar.
Vejam alguns exemplos usando o pronome átono junto com os verbos.
- Me comí todo el pastel. [ Comí todo el pastel. ]
- Te fumaste cuatro cajetillas en un solo día. [ Fumaste cuatro cajetillas en un solo día. ]
- Se leyó los dos tomos en tan solo una semana. [ Leyó los dos tomos en tan solo una semana. ]
- Nos bebimos seis cervezas anoche. [ Bebimos seis cervezas anoche. ]
Que construção está correta? As duas. Nos casos acima a tradução com ou sem o pronome seria a mesma:
- Comi todo o bolo.
- Você fumou quatro maços em um único dia.
- Ele leu os dois volumes só em uma semana.
- Bebemos seis cervejas na noite passada.
Sendo assim, pensando com nossos cérebros brasileiros, parece que não há nenhum sentido em colocar este pronome no início da frase, mas em espanhol o uso desse pronome átono tem função enfática e é muito comum, principalmente na linguagem oral.
Dá a ideia de que o enunciado implica ou implicou algum esforço, certo mérito ou que envolveu qualquer particularidade incomum. Por esta razão só é usado com predicados que expressam eventos específicos ou delimitados, nunca por uma expressão indeterminada, por isso seriam incorretas frases como: Me comí pastel; Te fumaste cigarrillos; Se leyó libros; Nos bebimos cerveza.
Fica pior ainda sem o complemento direto: *Me comí; *Te fumaste ; *Se leyó; *Nos bebimos. Assim o verbo vira um reflexivo e teria um sentido igual ao português, ou seja: Eu me comi, Você se fumou, Ele se leu, Nós nos bebemos. Não precisa nem falar que são frases completamente sem sentido.
Fonte: Manual de la Nueva Gramática de la Lengua Española – Real Academia Española y Asociación de Academias de la Lengua Española.
Sobre o Autor: Luis Henrique é professor de espanhol e atua em projetos voluntários junto a comunidades de imigrantes ‘hispanohablantes’. É apaixonado pelo idioma e pela cultura dos países que falam espanhol.
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